sábado, julho 10
a segunda (por uma segunda vez)
Não existe outro momento mais desolado da vida da cidade do que aquele que marca as linhas fronteiriças entre as pessoas que não dormiram a noite inteira e as que estão indo para o trabalho. Para Sabina, era como se duas raças de homens e mulheres vivessem na terra, as pessoas da noite e as pessoas do dia, que nunca se encontravam face a face, a não ser nesse momento. O que quer que Sabina tivesse vestido que parecia resplandecer durante a noite perdia todas as suas cores no amanhecer. A expressão determinada daqueles que iam para o trabalho parecia-lhe uma espécie de reprovação. Seu cansaço não era igual ao deles. O dela marcava-lhe a face qual uma longa febre, deixando-lhe sombras arroxeadas debaixo dos olhos. Ela queria ocultar deles o seu rosto. Inclinava a cabeça de tal modo que os cabelos o cobrissem parcialmente. Persistia o estado de espírito de perda.
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