No fundo eu sabia que você estaria lá, de alguma forma você iria.
Ainda assim restava dúvidas, nunca fui cem por cento certa de mim mesma.
E aí você aparaceu! Sujo, mal vestido, lindo.
Confesso que continuei com dúvida, minha insegurança sempre me domina nesses momentos, acredito que por medo de me machucar, sempre, não só com você.
Conversamos, mas não tanto, e isso me incomodou.
Porém, a noite foi caindo, e ao final dela você estava grudado ao meu lado, vidrado.
Você devia andar para o outro lado, mas foi me seguindo, aos poucos, do sei jeito sem se notar.
- Você não mora para lá?
- Moro?
- Ta... Você não vai para lá?
- Não sei...Vou?
Chegou mais perto e me beijou. Fomos parar na grade, e mais beijo. B-e-i-j-o. Palavra bonita, dá poesia, dá música, dá sorriso, dá frio na barriga, dá amor, dá paixão, dá ciúmes, dá palavrão, dá tesão, dá você e eu.
- Sabia que isso não teria mudado...
Eu sei, eu sei...Você é aquele típico galã, que envolve as pobres moças pelo coração e lhes diz coisas lindas, conhecidas, reconhecidas, e lindas e as põe em sua mão. Acredito em uma ou outra coisa que você me disse, o que já foi surpresa o suficiente.
Atuei em todo momento na defensiva, mesmo por dentro estar pegando fogo. Nada me fez dizer não. E te amei em cada movimento, estranhei também, muito. Foi uma lembrança viva. Uma cena imaginada tantas vezes... Realizada.
Achei que você iria fugir do óbvio, não comentar nada do passado, fingir que não existia. Mas é claro que não, você é diferente! Você é diferente sendo óbvio! Você brinca com as palavras e com os sentimentos. Confesso que gostei, não me fez chorar, me fez sorrir, e lembrar dos velhos tempos.
O dia seguinte foi mais estranho ainda. Foi um dia como os de antigamente. Ficar de bobeira em casa, com uma meia só no pé, deixando-a cair da cama, conversar com minha mãe durante horas e depois pegar o jornal para ir ao cinema. Ato perigoso! Aí foi demais para mim. Até queria ir... Mas seria demais, não sei se me faria sofrer mas seria altamenteíssimo estranho. Quem sabe outro dia.
Sei que passei a manhã pensando de vez em quando. E estava bem, minha mãe preocupada, mas estava bem. Sem choro, sem desespero, sem saudade, sem amor, aquele amor... Nada.
Talvez eu esteja pronta para isso, talvez não. Ao subir as escadas me deparei pensando:
"Não volte àquilo, não volte àquilo". Aquele meu estado morto. Estado zumbi que me movimentava por apenas lembrar que ainda estava viva. Sim, pode acontecer tudo de novo. Mas acho que não...Acho que será diferente, e espero que seja. Todos em volta de mim devem esperar... E poucos me dizem: "Vai nessa!"
Mas vou, vou nessa. Vou na minha, vou na telha, vou no que der vontade, abraçando meu destino e aceitando-o, acima de tudo.
segunda-feira, março 16
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Um comentário:
bomsa
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