Ela desce correndo as escadas, abre a porta e se joga fora no mundo.
Corre desesperada pelas ruas, em busca de seu grande amor. Corre, corre, corre.
Não entende como pode tê-lo perdido. Sua maior admiração, sua razão de vida. Como podem as pessoas perderem seu grande amor? É algo que não se perde, não é chave, não é senha, não é moeda de cinco centavos, nem de cinquenta. É algo enorme, que não cabe no bolso, que não se pode enterrar, que não se pode esquecer, que não cai no bueiro, que não se ignora ao passar em frente, que tem cheiro, que tem cor. Simplesmente não se perde.
Seu roupão está desamarrando, ela não se importa. Precisa achá-lo. Como pôde deixá-lo escapar?
O sinal fecha, e ao longe ela o vê, no meio da linha de pedestre, alcança-o.
Se ajoelha e chora, abraça-o e chora.
Naquele momento ela soube que nunca mais o perderia de vista.
Põe a coleira e volta antes que a luz verde se acendesse.
quarta-feira, março 18
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4 comentários:
O roupão é um detalhe deslocado mas psicologicamente interessante.
Eu diria que o roupão é, provavelmente, o núcleo de todo o texto.
Sem o roupão nada faria sentido.
Ou melhor ainda.
Sem o roupão tudo faria sentido.
acho que o sr. despedaça entendeu...
Eu quero q os bons entendedorem se fodam ok?
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