terça-feira, julho 20

já dizia giacometti:

num incêndio, entre um rembrandt e um gato eu salvaria o gato. e depois deixaria o gato partir.

o piloto de corrida diz para a mulher que senta ao lado do volante,
- entre a arte e a vida, ele escolhe a vida.

comendo um domingo

Dói. Porque foi você quem cortou o meu cordão umbilical. E com os dentes.

Não tinha sol.

droga, não fiz xixi roxo

não adianta!
não adianta!

não me contento.



(egoísmo)

domingo, julho 18

em éden, querubins e uma espada flamejante

trabalhar para rb a fez trocar a maneira de pôr o cabide na arara de seu armário. passou sete minutos trocando o lado do cabide, roupa por roupa, eram mais elegantes assim. o movimento do braço e pulso trombetas é uma dança. um pescoço de cisne com bicos azuis. em oito, abriu a janela e respirou a chuva. parecia tão fácil para ela. I want you to melt in the grass. e pela primeira vez sentiu medo do, antes, som tão agradável. sentiu que precisava de companhia. porém, a companheira de quarto (detector de mentiras) só gritaria sobre egoísmo. enquanto a única coisa que ela desejava era um abraço. e se ela não tem o que ela precisa, ela age estranha, distante (talvezrealmentesejaisso,umissobemseco). seu dedo queimado arde ao toque do sem querer porém roubado, vermelho stabilo schwan 306 HB=2 1/2

encontre-me ontem

no lixo, dois saquinhos de sopa e uma cartela vazia de remédios. acrescentou bordas mofadas de queijo. de repente, percebeu que não conseguia anotar seus pensamentos e ao mesmo tempo mexer a sopa. escrevia com a colher. e mais de repente ainda, o vento começou a rugir, furioso. obrigando-a a se esconder na branca cozinha com a vermelha penélope e a acinzentada princesa. o monstro parava. e de repente voltava, crescendo, voltando a rugir. pensou que estivesse dormindo. e não apenas dormindo. sonhando. o monstro, não ela. a madeira rangia a fazendo acreditar que algo pisava nos velhos tacos do chão de sua sala. foda-se, decidiu. abriu a porta que se mexia, saiu correndo pela sala e fechou as janelas. chegou a dar uma olhada para as árvores, só para garantir que se divertiam.

quarta-feira, julho 14

o céu que nos separa ou "in case of fire use the stars"

estar do seu lado
me deixa nervosa
não consigo
(não devo?)
dizer tudo que penso
nunca se perguntou
porque meu olhar não
descansa por muito tempo
em um lugar só?
ou porque minhas mãos
insistem em levar o veneno
aos lábios
o vício
que já não existe
sempre se manifesta
quando ao seu lado

sábado, julho 10

a segunda (por uma segunda vez)

     Não existe outro momento mais desolado da vida da cidade do que aquele que marca as linhas fronteiriças entre as pessoas que não dormiram a noite inteira e as que estão indo para o trabalho. Para Sabina, era como se duas raças de homens e mulheres vivessem na terra, as pessoas da noite e as pessoas do dia, que nunca se encontravam face a face, a não ser nesse momento. O que quer que Sabina tivesse vestido que parecia resplandecer durante a noite perdia todas as suas cores no amanhecer. A expressão determinada daqueles que iam para o trabalho parecia-lhe uma espécie de reprovação. Seu cansaço não era igual ao deles. O dela marcava-lhe a face qual uma longa febre, deixando-lhe sombras arroxeadas debaixo dos olhos. Ela queria ocultar deles o seu rosto. Inclinava a cabeça de tal modo que os cabelos o cobrissem parcialmente. Persistia o estado de espírito de perda.

sexta-feira, julho 9

engolindo flores

por que escolhe não me salvar?
me quer morta ou só
deixar sem ar
fazer achar que vou morrer
que não, na verdade você nunca
teve interesse em me tirar da água
fazer achar que o ar
chegará ao fim
mas antes disso ergue uma mão macia
cansei desse mar
essa rotina das ondas me dá repulsa
como não posso vomitar tudo
na sua cara
(porque é mais legal porque é contra as regras porque no fundo no fundo você nem nunca ligou)
só digo
quero um lago, com verde em volta e sombrinhas para proteger do sol

quinta-feira, julho 8

segunda-feira, julho 5

"essa música é tão boa que dá vontade de abraçá/la"

nós salgados no cabelo
calça dobrada para o
mar desafiar molhar
aqui e o ritmo
e então
dorme

e essas nuvens
ainda no horizonte
como explodindo
luiz e suas pintas
tranquilizam:
o vento está bom

parece que foi sonho
daqueles que você acorda
prestes a morrer
é possível morrer
de tranquilidade?

e esse blues infinito
especialmente para a
despedida das ruas
tortas, ainda de
manhã com o sol finalmente e
somente agora
dando um oi
então tchau respondemos
dando uma última
garfada na torta de
banana, o chocolate
ainda derretendo

quinta-feira, julho 1

a triste história de hendrika

enfiou os pés na areia quente
o mais fundo que pôde
aqui estarão seguros
supôs
em sete a maré alcançou seus
lábios
abriu bem a boca
engoliu tudo
depois de um profundo arroto salgado
olhou para os pés
não estavam mais ali
engolira junto com o mar

*marseille é mais longe ainda

seu cheiro me persegue
me obriga, sem esforço, a
lembrar sua barba meu pescoço sua
voz mutante seu
conhecimento encantador são
paulo é realmente longe foi
legal sei quê
sei quê lá
que fazer?
nem o aroma me desperta mais uma
vez gosto
da roupa do
cabelo da
bolsa de couro dos
tênis do
gosto do
cheiro só não
de você
só me pergunto porque não
terminou antes os fragmentos amorosos
até parece que não dei a entender que
estava todinha ali

a idéia aventurosa

"ainda quentinha, nada pode ser definido quanto a sua qualidade: tola? perigosa? insignificante? para ser mantida? para ser rejeitada? para ser desingenuizada? para ser protegida?" para ser?
rolando
de

r
em
thes

a segunda

     Antes que ele pudesse falar e feri/la com palavras, enquanto ela jazia nua e exposta, no momento em que ele preparava um julgamento, Sabina estava preparando sua metamorfose, de modo que, qualquer que fosse a Sabina que ele atacasse, ela poderia abandonar como um disfarce, largando a personalidade da qual ele se apoderara e dizendo:
     "Essa não era eu."
     Então, quaisquer que fossem as palavras dirigidas à Sabina que ele possuíra, a primitiva, não poderiam atingi/la; ela já estaria a meio caminho para fora da floresta de seu desejo, a essência já bem distante, invulnerável, protegida pela fuga. O que sobrava era apenas um traje; estava empilhado no chão do quarto dele, vazio dela.

com toda a licença, marisa

ela que descobriu o mundo e sabe vê-lo do ângulo mais bonito. descobre sensações diferentes. sente e vive intensamente. aprende e continua aprendiz. escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus e lava os cabelos com shampoos diferentes. costura, usa relógio de dar corda e anda de bicicleta dentro de casa. sabe espantar o tédio, cortar cabelo e nadar no mar. tem computador e rede, para dois.