sábado, outubro 25

Pára. Só pára.

segunda-feira, outubro 20

Para ler ouvindo Opus 36, de Dustin O'Halloran.

A pena em sua cabeça já não tinha mais sentido. Clara chorava sentada no chão enquanto retirava uma marca de terra de seu vestido branco de cetim. Seus olhos azuis refletiam a cor do vestido. Clara pensava no porquê chorava, Clara continuava a chorar. Estava sozinha. Perdera sua mãe, perdera a chance de novas sapatilhas, perdera sua dança. Seu dó, agora era de si mesma. Seu ré, agora era de sua vida, não mais de sua dança. Desistira de atar o laço. Desejava se soltar de todas as fitas, sua carreira não a permitia, precisava ser a rainha, precisava doar seus brioches, precisava ser mãe. Precisava das antigas sapatilhas, precisava dançar, precisava rodar até seus pés desaparecerem, e num sono profundo adormecerem.

(se você leu não ouvindo a música dita no título, você não realmente leu).

Para ler ouvindo Avril 14th, de Aphex Twin.

Ela tinha 11 anos, não sabia pronunciar a palavra espartilho, tentava dançar em suas sapatilhas. Mas sua mãe não lhe comprava novas. Ela precisava de novas sapatilhas, estavam apertadas. Seu laço azul na meia calça se desfazia. E Clara descia sua mão pela saia armada e, como se fizesse parte da dança, fazia um novo laço. O leque rosa abria e fechava de acordo com o dó menor. E suas pernas subiam e desciam de acordo com o ré. Clara dava ré de acordo com o dó e caía ao chão de acordo com o nó. Novamente desfeito, fazendo suas sapatilhas rasgarem, fazendo suas mãos tocarem seu rosto morno. Seus fios loiros dançavam de acordo com o vento, seus pés cansados adormeciam enquanto Clara tentava se equilibrar novamente. Não conseguindo, Clara deixava seus braços penderem e pedirem por descanso. Clara caía novamente, dava um novo laço e entendia que o não entender era o caminho para o entendimento do tédio. E lá estava ela a dançar novamente. Para o homem da primeira fila...

(se você leu não ouvindo a música dita no título, você não realmente leu).

quarta-feira, outubro 15

What ever Happened?

Quando um amigo me contou um sonho:
“eu e meu amigo tínhamos criado em nossa frente um mar de ruffles e ele dizia: não imaginei que seria dessa forma, não imaginei que seria dessa forma, não imaginei que seria dessa forma.”
Acho que um mar de alguma coisa gostosa nunca será da forma como imaginamos. Seja ela ruffles, chocolate, feijão, sentimentos ou até mesmo uma pessoa.
Você vê o mar na sua frente, se sente protegido pela falta de poluição, pela cristalinidade da situação e se joga. E é quando você vê que o mar era uma poça.

de que é feito o mundo?

Estou feliz porque estou saindo de casa todos os dias,
Estou feliz porque estou me arrumando a cada dia com uma roupa diferente,
Estou feliz porque o sol abriu, porém sem fazer muito calor,
Estou feliz porque o mundo anda mais feliz.

Hoje a rua cheirava bem.
Fazia tempo que não sentia um cheiro bom.
Normalmente rua fede, o mundo fede.
Hoje ele estava cheiroso. Mais do que ‘cheirável’.
Estava harmonioso.

Já não vejo mais tanta tristeza no mundo quanto via na semana passada e na retrasada.
É, devo estar amando...

Areia No Pé.

Estou me sentindo bem hoje.
Não foi um dia especial, não encontrei com meus amigos, não brindei a nada, não fiz nada predileto, não falei com tanta gente. Estava sol, não fui à praia. Tempo que não vou à praia. Saudade da areia no pé. O que fiz hoje foi música. Passei a tarde lendo e tocando violão. Toquei muito, tirei músicas das quais não esperava nunca tirar. Fiquei feliz por isso. Liguei o lap top e ouvi Ella Fitzgerald. E agora Paulo Moura e Yamandú Costa. É... estou me sentindo em paz. Comigo, com meus sentimentos que sempre me atrapalham. Tenho aula amanhã e não ligo. Estou bem. Estou feliz. Estou pensando na sexta, estou pensando no sábado e estou pensando nas férias. Estou pensando em você sim, mas estou bem. Momentâneo? Provavelmente. Mas e daí? Eu estou feliz.

sábado, outubro 11

Me, Myself and I.

todo poeta é nosso amigo. Poetisa não posso ser, nunca poderia ser amiga de todos. Nunca poderia estar ali, sofrer ali, sorrir ali, presentear ali. Sou apenas eu. Sozinha, escrevo. Sozinha, durmo. Sozinha, choro. Sozinha, vivo.

Pequena Lice.

"Se esse mundo fosse só meu, tudo nele seria diferente. Nada seria o que é, porque tudo seria o que não é e também tudo o que é por sua vez não seria e o que não fosse... seria não é?"(Alice no País das Maravilhas).
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre Los Hermanos:
- Só terá deles aqui, e um pouquinho de mim.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre coisas como seu mundo, sua maneira de pensar, suas filosofias: - Sempre achei que a palavra "homossexualismo" se dizia "homosocialismo". Não entendia a ligação de Stálin ou Lênin a homossexuais, achei que eles tinham um caso. Mas, eles eram rivais, então nada fazia sentido. Na verdade, nada faz sentido. Não faz ainda, e não fará. Concorda comigo, Diná?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre amor: - Amor convicto: Não há nada como um amor convicto; amar e ter a certeza absoluta a cada dia do quão forte e verdadeiro este amor é. Correspondido ou não, que seja verdadeiro.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre divórcio: - "Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar". Deve ser isso que acontece né, Diná? Os casais param de rir um do outro e ver graça na relação. E depois, a vida também perde toda sua graça. Só não sei pra onde essa graça vai. Você sabe?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre música: - Toda Bossa é nova e você não liga se é usada.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o Coelho Branco: - Antes de te ter e de ser tua, o que eu queria? O que eu fazia? O que mais? E alguma coisa a gente tem que amar. Mas o que, não sei mais. Diná, eu o sigo mas não adianta! Ele não espera por mim!
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o tempo: - Nessa espera o mundo gira em linhas tortas. Vou acordar para o tempo e pedir para ele parar, só um pouquinho, pra ver se alcanço meu coelho.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre a morte: - Um século, um mês, uma hora. Será que recebemos um aviso dela e ninguém repara? Ou quando reparam já está muito em cima da hora e não tem como voltar atrás?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o vento: - O que mais gosto dele é o barulho. Sonho ver o som. Mas como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre gente maluca: - Mas eu não quero ver gente maluca! Por que o Senhor Gato só me mostra caminhos pra pessoas malucas? Chega de Chapeleiros e Lebres caducas!
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre Deus: - Se o céu é um maravilhoso lugar para se ir depois de morto, então porque ser crucificado é considerado um sacrifício tão grande?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre a primavera: - Pois eu, eu só penso em você, Dona Primavera! Já não sei mais porque em ti eu consigo encontrar um caminho, um motivo, um lugar pra eu poder repousar meu amor.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre perder alguém: - Quem sabe o que é ter e perder alguém? Quem sabe o que é ver quem se quer partir? E não ter pra onde ir. E ele segue seu tempo. Tic Tac, Tic Tac. Mas parece que não faz diferença ter alguém ali gritando: "Seu Coelho! Seu Coelho espere! Espere por mim!".
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre sexo: - Deve ser bom, né Diná? A única vez que gozei veio aquele negócio branco. Senti-me bem, estava a tomar chá quando ele apareceu e aconteceu. Você sabe, o Coelho Branco.
Alice conversava com sua gata Diná sobre a Rainha de Copas: - Acho certo exagero ela querer tantas cabeças, mas tudo bem, não me importa. Ela não pegou a minha.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre os humanos: - Eles têm a carne trêmula, mais nada. Considero isso um grande vácuo na vida. Humanos tão distantes entre si, mas o que posso fazer? Eu sou um deles.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o fim: - Já?

O Vento Falante.

Quando ouço música, ela não entra apenas pelos meus ouvidos. Ela passa pela minha roupa adentrando pela minha pele, os cabelinhos do braço ficam todos em pé, os cabelos se mechem não sabendo pra onde ir, o meu cérebro funciona de outra forma, ele maquina a música, a música entra lá e o lá entra na música. Ela causa um frisson, erótico ou não, em todo o meu corpo, dobro os dedos do pé procurando um lugar para me apoiar, nada mais importa. O que sinto, não é sentimento, é a procura de algum, mas no final, nada acho. Não importa, o que quero mesmo é ver a música. Impossível, não se vê música. Música é para ser ouvida, mais nenhum outro dos cinco sentidos. Mas quando ouço música, uso todos eles de uma vez só. A ouço, A vejo, A sinto, A farejo, A degusto. Quando entra pelos meus ouvidos faz a desarrumação arrumando tudo lá dentro. A vejo pelo vento, ele me mostra todas as notas, palavras, desafinações, tudo, tudo que sai dali. A sinto pelo corpo todo, e pelas coisas em volta de mim, reparo a minha volta na reação das pessoas, estando elas ouvindo a música ou não. Sinto-a passando por todo meu corpo, preenchendo todo o espaço, subindo pelas minhas pernas, passando pelas genitais, dando frio na barriga, encolhendo meus seios, dando um sorriso no rosto, A cheiro quando passa pelo meu nariz, música boa sempre cheira bem, cheiro tudo, todos sabem, principalmente a música, ela cheira bem. As novas normalmente têm cheiro de plástico de lojas, as antigas ou de naftalina, ou de livros envelhecidos e amarelos. Chega a meus cabelos e eles dançam juntos, sem pedir permissão, eles puxam minha cabeça de um lado a outro e obrigam meu corpo todo a fazer o mesmo. Acabo cedendo, e danço essa dança que a música proporciona em alguns.
Quando ouço música, as ruins: não ouço, não vejo, não sinto, não farejo, não como. Meus cabelos despencam e preciso encher os pulmões de ar, para simplesmente suportar.

domingo, outubro 5

Por que Não Morrer?

Com medo de chegar atrasada ao cinema, louca para ver Gus Van Sant e Walter Salles juntos num mesmo filme discutindo o próprio cinema, o metrô pára na estação do Catete. As portas se abrem, fecham. E se abrem de novo. Gritos são ouvidos, alguns curiosos põem a cabeça para fora. Mais gritos. É ouvida a palavra “fogo” e todos saem correndo dos vagões, inclusive eu. O cheiro e a fumaça ocupam toda a estação, ninguém corre, o fogo é mais ao longe e nem as labaredas são possíveis de ver. Alguns gritam, outros riem, outros, como eu, reclamam do atraso que terão. Tudo estava até calmo. Não havia caos.
Ao me defrontar com a idéia de morrer fiquei muito tranqüila. Obviamente seria difícil morrer em tal situação. Caso o fogo fosse mais alto e se espalhasse, sim. Seria o caos e todos seriam correndo e eu poderia ser facilmente pisoteada, e morta. E ao pensar em tal probabilidade, me preocupei apenas com os filmes não vistos, com os livros não lidos, com as músicas não ouvidas. Mas no fundo, não me preocupei com nada. Pensei que se eu morresse não estaria perdendo nada, afinal estaria morte depois e não sentiria falta de não ter vivido um pouco mais. Claro, isso se não houver mesmo nada após a morte, mas isso é outra polêmica. A questão é que eu estava preparada para morrer. Sem medo de como e por que. Simplesmente preparada. E acho que estava tão bem assim, por sentir que estou vivendo. Literalmente vivendo. Sem medo do passado ou futuro. Vivendo ao pé da letra, e assim, se eu morrer amanhã, já terei vivido.
(cheguei a tempo do filme).

Maio de 68.

Sou a terceira pessoa a entrar na sala. Dois velhinhos estão em lados opostos e decido sentar relativamente no meio deles. Uma mulher e um senhor entram, pareciam pai e filha. Ela, à frente, escolhe o lugar, ele senta com um suspiro e diz algo o qual não entendo. Ela, impaciente, pergunta se o lugar é ruim, ele diz que não sabe, ela diz:
- Não dá pra ver?- apontando para a tela.
Entra um jovem casal. Tanto ela quanto ele, lindos. Entra um adulto, na casa dos 25. Aparentemente sozinho, como eu.
Silêncio. Cadê a música simpática de espera? Todo cinema devia ter. Ou não. Tais músicas poderiam incomodar e muito. Afinal, é o cinema que reúne a maior variedade de pessoas. E elas não necessariamente compartilham o mesmo gosto para música.
Gostei do documentário. Me fez ter uma maior noção da tortura por parte dos policiais aos estudantes. Mas senti falta de explicar os motivos para as revoltas estudantis. Sorte minha conhecer o assunto. Mas e os que o desconheciam?
Ao sair, ouço uma voz conhecida. Está tocando Björk e eu sentada numa daquelas gigantes cadeiras de palha. Me deixo confortável e me preparo para as duas próximas horas de espera até o próximo filme: Paris. Voltarei para casa falando francês. Dou uma lida no livro de português tentando me preparar para a prova do dia seguinte, mas não consigo. Queria poder encostar e dormir. Mas penso em como fazer com que minha mãe pare de fumar. Aos poucos ela está se matando. Gorda como nunca, fumante como nunca, trabalhadora como nunca.
E então, começa a tocar Love Is A Losing Game. A canção mais verdadeira que ouvi nos últimos meses. Ninguém entende esse meu vício pela Amy, mas é que simplesmente encaixou perfeitamente na época em que minha vida se encontra. Ela canta o que eu penso, ela chora o que eu sinto. E para minha felicidade Me and Mr John começa a tocar, parece que várias músicas dela tocarão. E não estou mais sozinha. Pelo contrário, estou sozinha, mas ao lado dela.
A criança descobre seu reflexo e não consegue parar de rir. Amy toma seu primeiro pé na bunda. O homem me observa escrevendo. Continuo cantando. Olho para ele e ele faz um gesto indicando querer minha caneta. A empresto. Ele elogia minha camisa do filme Laranja Mecânica e termino de cantar Cherry. Meu relacionamento com ela acabou de começar e não é nenhum admirador de Kubrick que irá mudar isso.

Mais Uma Canção.

Me lembro quando ouvi All My Love, do Led Zeppelin pela primeira vez. Nem pensava em te conhecer, nem pensava em sua existência. Talvez eu pensasse que um dia amaria muito alguém, assim como te amei, amaria tanto que até doeria de tanto amor. E ao ouvir tal música, eu conheci outra pessoa, e foi bonito. Ele me fez gostar mais de Led Zeppelin, e desde então não desgrudei. Ouvia all of my love to you e gostava cada vez mais dele. Mas criança que eu era, não sabia o que era amor. Só fui saber com você. E sou grata a ele, sem ele não teria te conhecido. Não saberia o que é o verdadeiro amor. Às vezes penso: vai ver ainda não sei o que é isso. Sou nova, vai ver ainda não amei tanto alguém, e penso isso já que, até agora, você foi o mais forte. E no final, isso é que é o amor: Uma comparação a todos os outros para saber qual foi o mais forte, o mais verdadeiro.

“Eu não nego, eu me entrego, você é meu grande amor”.
E agora eu só preciso de mais uma nova canção.

Sinfonia Inacabada #2

No metrô, voltando para casa, vejo um homem olhando em minha direção. Cabelos negros, oleosos, camisa laranja, jaqueta de couro azul escura, gravata listrada verde musgo e bege, calça social preta e sapatos de couro marrons. Saído de um filme.
Chega a minha estação, desço do trem e ao subir as escadas, vejo que estou pisando nas palavras de Graciliano Ramos, estou pisando em Fabiano e em sua família. E em sua comemoração de 70 anos.
A música do ônibus faz com que o filme que acabei de ver continue presente em minha mente. A duquesa era uma mulher muito forte. Lágrimas foram ensaiadas, mas as segurei. Tirem essa caneta de minha mão! Ela só trás lembranças das quais quero não mais lembrar.
Todos comportados a minha volta. É tudo tão organizado e harmonioso. Os pés do executivo ao meu lado conforme a música clássica dança em nossos ouvidos. O ônibus anda e eu olho para o banco na rua, no qual eu vi meu mendigo pianista anos atrás pela primeira vez, ainda não escrevi sobre ele, falhando com meus prazos. Nunca funcionei com eles, não há por que tentar segui-los.
A música não acabou e o meu ponto é o próximo. Droga, odeio interromper uma sinfonia. Todas devem ser ouvidas até seus devidos finais.

quarta-feira, outubro 1

Sinfonia Inacabada.

Ir ao cinema ainda pode ser doloroso para mim. Principalmente sendo o festival do rio. Lembro do nosso primeiro juntos. Escolhemos poucos filmes, nosso amor estava apenas começando. Era exatamente como nas histórias de cinema, um amor de poucos anos que dava seus primeiros passos. No nosso segundo festival, o amor já havia crescido. Amadurecido em todos os sentidos. Segredos haviam sido revelados, roupas haviam sido tiradas, metáforas haviam sido criadas e meu amor por você continuava crescendo, e poderia continuar até que alguém me impedisse.
E esse alguém só poderia ser você. Você e ninguém mais para destruir o que construímos. O que deixamos florescer em momentos tão fáceis de viver. Saíamos de uma sessão, íamos para sua casa. No sexo, você atuava de acordo com o filme. Ele continuava em nossas cabeças, e agíamos como seus personagens. Levantávamos da cama, comíamos algo rápido e corríamos para a próxima sessão. Corríamos pelo Rio de Janeiro em busca do nosso maior vício, nosso maior crime, nosso maior medo, nosso maior receio, nosso maior devaneio, nossa maior realidade, nossa maior mentira.
Não éramos como todos os casais, íamos porque gostávamos de ver a obra, não pelo escurinho. Nossas línguas se encontravam, mas se separavam rapidamente. Ficávamos vendo o rosto das pessoas no término do filme. E dávamos todos os beijos que não conseguimos dar, hipnotizados pelo filme. Mesmo os ruins, principalmente os ruins!
Agora, ando mais solitária. Menos dinheiro, menos filmes, menos companhia. Mas gosto de ir sozinha, até prefiro. Tenho minha própria noção das coisas e não preciso obrigatoriamente compartilhar com ninguém. Mas sim, sinto sua falta.
Às vezes eu fazia a sua barba, às vezes você fazia minha massagem, às vezes eu brincava de lutinha e você sangrava, às vezes você me amava, às vezes eu te odiava, às vezes você amava eu te odiando e às vezes eu amava você me odiando. Às vezes eu te amava, às vezes eu te amo.