segunda-feira, outubro 20

Para ler ouvindo Avril 14th, de Aphex Twin.

Ela tinha 11 anos, não sabia pronunciar a palavra espartilho, tentava dançar em suas sapatilhas. Mas sua mãe não lhe comprava novas. Ela precisava de novas sapatilhas, estavam apertadas. Seu laço azul na meia calça se desfazia. E Clara descia sua mão pela saia armada e, como se fizesse parte da dança, fazia um novo laço. O leque rosa abria e fechava de acordo com o dó menor. E suas pernas subiam e desciam de acordo com o ré. Clara dava ré de acordo com o dó e caía ao chão de acordo com o nó. Novamente desfeito, fazendo suas sapatilhas rasgarem, fazendo suas mãos tocarem seu rosto morno. Seus fios loiros dançavam de acordo com o vento, seus pés cansados adormeciam enquanto Clara tentava se equilibrar novamente. Não conseguindo, Clara deixava seus braços penderem e pedirem por descanso. Clara caía novamente, dava um novo laço e entendia que o não entender era o caminho para o entendimento do tédio. E lá estava ela a dançar novamente. Para o homem da primeira fila...

(se você leu não ouvindo a música dita no título, você não realmente leu).

Um comentário:

João Medeiros disse...

não entender, e entender o tédio.