sábado, novembro 13

o vampiro de düsseldorf

Na primeira vez que ela o viu, este vestia chinelos, uma bermuda e uma blusa qualquer. Andava calmamente pelo corredor bege. Da sua altura, reparou em seu cabelo. Um misto de liso com embaraçado. Nos ombros, uma leveza branca. A barba por fazer casando com o azul dos olhos.

Na segunda vez que ela o viu, este estava sentado e lendo. Ela se aproximou e perguntou sobre as horas complementares. Ele indicou o filme. Ela não podia ficar.

Na terceira vez que ela o viu, este saía do cinema e ela entrava. Se reconheceram pelos olhos. Não ousaram se aproximar, mas sorriram.

Na quarta vez que ela o viu, estava atrasada para a aula predileta. Andando rápido e se desequilibrando nos próprios passos, acabava sempre se encostando pela parede. Na primeira curva que entra no corredor bege, na direção contrária vinha ele. Se deram um susto. Riram, tudo bem?, e continuaram seu caminho.

Na quinta vez que ela o viu, ele saía do posto de gasolina, sozinho. Ela, acompanhada, andava na direção contrária. Acenaram a cabeça.

Na sexta vez que ela o viu, entrou na sala da aula predileta e ele estava de costas, escrevendo algo no quadro. Ela reconheceu os cabelos lisos e embaraçados. Se sentou. Quando ele terminou, olhou para a turma. A viu. Seu olhar (naturalmente) demonstrou surpresa. Sorriu e saiu da sala. Ela foi atrás. Ei, qual o seu nome? M, tudo bem? Deu um beijo na bochecha e segurou em seu braço. A gente vive se encontrando, né? Ela se apresentou e ele a chamou para o evento 'do quadro negro'. Eu vou.

Não houve sétima. Ela não foi. E só porque finalmente haviam descoberto o nome um do outro, nunca mais se encontraram.

terças e quintas

Ele está sentado ali.
E ela ao seu lado. Seus olhos brilham quando se dirigem a ele.
Os dele sempre brilham.
Costumava sentir algo de especial quando dirigidos a mim, mas agora já não sei.
Suas sardas me deixam inquieta.