sexta-feira, junho 26

O que faz Seu Jorge com um garfo na mão?
Enfrenta o dragão
E depois,
Come espetinhos de seu coração
Bem salgadinhos
Como o seu gozo que foi em vão

terça-feira, junho 23

e, então, fui desvendada

-cara, posso ser sincera?
analisando a sua situaçao atual com ele, e ao mesmo tempo tudo o que voce já passou com ele,coisas boas e ruins
e, principalemente, fazendo uma certa comparaçao com minha experiencia pessoal, eu acho ele já virou uma mera lembrança para você, o que você ainda nao se tocou 100% porque agora ele está de volta
mas, eu continuo achando que na realidade você olha para ele ou pensa nele lembrando dos bons momentos mas ao mesmo tempo, ele é uma certa mágoa dentro de você, um sentimento que foi frustrado e amargurado no seu peito
acho que de certa forma você o considera alguém que te causou decepçao e dor no passado,algo que te surpreendeu porque ele costumava ser genial em varios sentidos
e é por isso que você ainda mantem ele por perto: nada melhor que um sexo culpado
é disso que vc gosta luísa, do drama que vem junto com ele
e eu sinceramente não te julgo, porque faz parte sabe, a gente gosta mesmo de sofrer, de se dar a esse luxo
é bom as vezes se entregar à tristeza

é isso mesmo, mocinha, isso mesmo.

segunda-feira, junho 22

só há silêncio

embora
cante
existe
caos
lá fora
como
existe
treva
no vácuo
crio espaços
vago
sou lago
de meu mergulho
desligue
sua mente
flutue
rio abaixo
abandone
todo pensamento
renda-se
ao vazio
ouça
a cor dos
seus sonhos

um navegante desenhou na areia um imenso poema
(que foi submerso)


quinta-feira, junho 18

surpreenda-me

Quanto mais devo esperar?
eu,
aflita e só

já ficou óbvio
me arrumo para
na rua
te encontrar
na rua
você me mudar
me trazer de volta para esse mundo
ou me levar para um outro

cadê você?
você que está prestes a mudar minha vida
você que não sei quem é
quando não sei quem sou

e agora, o amanhã
cadê?

e meus olhos se desfazem em lágrimas
é o ciclo da ruína

adeus

"perigo é eu me esconder (em você)
e quando eu vou voltar?
ah, quem vai saber...
se alguém numa curva me convidar
eu vou lá
que andar é reconhecer,
olhar

eu preciso andar
um caminho só,
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou.

eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você.
guarde um sonho bom pra mim.

deixa o amanhã e a gente sorri
que o coração já quer descançar
clareia a minha vida, amor, no olhar

manda avisar que esse daqui
tem muito mais amor pra dar
avisa que é de se entregar
o viver"

quarta-feira, junho 17

sábado, junho 13

Sábado, junho 14

- Estou pensando em vender o apartamento e, com o dinheiro, viajar por aí.
- Posso ir com você?
- Claro.

Não consigo parar de pensar nesse diálogo. Obviamente é apenas um desejo vindo de minha mãe, coisa que nunca irá se concretizar segundo a própria. Ela diz que ultimamente, saindo em minha companhia e na de meus amigos, tem repensado sua vida. E que isso seria o melhor que ela poderia fazer. Mas que por ter uma filha, não o poderia. Mesmo sabendo que eu iria junto. O meu "futuro" ainda está em jogo. E o dinheiro eventualmente acabaria e não teríamos como continuar, ou ter uma base ao voltar. Fiquei imaginando os rostos dos meus familiares e suas palavras de reprovação. Talvez eu não queira ter esse "futuro" que eles tanto dizem, talvez eu só queira viajar por aí. Me pergunte 'quem diz?'. ELES! SEMPRE ELES!
E recebo o maior apoio que poderia receber, o de minha própria mãe. Mas sei que esse apoio não é infinito. Se eu o fizer, sei que enfrentarei não só o de meus familiares, mas O olhar dela também. E esse é o mais difícil de enfrenter, porque tenho um amor maior do que qualquer pessoa que já passou pela minha vida. E justamente por ela ser sempre minha cúmplice, é mais difícil deixar para trás esses olhos acizentados esverdeados. Seu olhar de reprovação mostra que o desejo é mútuo, para ela é um sonho, e para mim ainda é real. Eu poderia ir sozinha, nada me impede. Largaria tudo o que tenho pelo mundo, sem hesitar. Mas sei que voltaria. Acabaria percebendo que não há vida quando se vive só. E na volta, alguns me perguntariam: "Por que foi, então? Se sabia que ia voltar com esse sentimento?". Olharia para a pessoa, no fundo de seus vazios olhos, e reconheceria ali um coração que deseja o mesmo tipo de coragem. Responderia: todas as suas memórias são tudo que você já cheirou. Suspiraria, e pensaria: Que saudade do futuro!

quinta-feira, junho 11

Fragmento de uma lembrança # 13

Gostava da sensação de acordar com as bochechas arranhadas e vermelhas pelas penas de ganso que saíam pela fronha do seu travesseiro. E de olhar para o lado e te ver, ali, com os cabelos negros lisos bagunçados, necessitando de um banho. Eu contava todas as pintas das suas costas. Mas as minhas prediletas, minha constelação, estavam na frente, um pouco abaixo do pescoço, no ombro esquerdo. E esperava até que você virasse para mim, e ainda de olhos fechados soltasse um suspiro. Um suspiro que indicava sua presença. Você ainda solta o mesmo suspiro um pouco antes de acordar.
Eu notei.

domingo, junho 7

Fragmento de uma lembrança # 12 (versão confusa)

pensando por essas águas
vi meu reflexo
por trás de mim, vi aquele enorme submarino
e na janelinha a direita pude ver seu rosto
me olhava como nunca olhara antes
ainda não me conhecia?
seu tênis quadriculado vermelho estava sujo
reconheceu-me também?
sentiu que já vira meu rosto?
mesmo disforme pela água
foi uma visão do futuro
um curto pensamento que previa o que estava pra acontecer
entre nós

seus dedos dedilhavam pelas cordas
um anel dourado indicava presença
se deixei alguma marca em você foi o cheiro
nenhum anel que com o tempo se torna encardido

seu pé batia no ritmo da música
eu tentava não te olhar
fingir que não o via
que não o reconhecia
antes mesmo de te conhecer
fingi que olhava para o da stratocaster
porém não resisti à sua gibson

o cogumelo em sua blusa sorria
sua namorada carregava meu nome
gostei do sorriso que deu ao saber o meu
gostei ainda mais quando acabou sua participação na música
e seu braço deslizou pela guitarra
nesse momento me apaixonei pelo seu antebraço
sentimento que compartilho até hoje

não sentia vontade de tirar sua roupa
mas já sabia como ficava sem ela
no futuro eu saberia
eu sabia que eu saberia
só ainda não sabia

eu deveria ter percebido ao vê-lo sorrir
ali estava a prova de todos os males que sua presença me traria
um sorriso do gato misturado com o do palhaço
uma mistura do meu predileto com o que mais temo
como fui tola, deveria ter percebido
estava bem ali, na minha frente
seu cartão de visitas
só agora percebo, tarde
o estrago já foi feito
o leite derramado
catar as natas não foi o suficiente
caí perdidamente na armadilha
me tornei prisioneira da eternidade

quantas você já aprisionou?
e bato palmas a minha idiotice
o que seria de mim sem esse amor que me foi lançado, cultivado
preparem as catapultas!
corações irão rolar
preparem os guarda chuvas!
todos irão se despedaçar

pretérito perfeito do indicativo

você sabe que é fácil
fácil assim
que é só segurar na minha mão que te seguirei
pularei trilhos e andarei sobre arcos
olharei para baixo e fingirei indiferença
sorrirei para o graçon, mesmo estando desmaiada
deitarei nos degraus das ruínas
brincarei de ser maior
mentirei
sambarei aos seus braços, somente neles
começarei a gostar de pagode
pararei de usar sutiã
pararei de fumar
começarei a correr
juntarei dinheiro
viajarei mais
gostarei de bolinho de bacalhau
saberei cantar no tem certo do Jorge
direi sim sim sim e nunca não, nunca 'nunca'
fingirei que estou machucada para me carregar
só direi a verdade
respeitarei mais as diferenças de pensamentos dos meus amigos
tocarei mais violão
aprenderei piano
cozinharei
farei sua barba
abotoarei sua blusa
só para depois desabotoá-la
fingirei ser sua e só sua

e tudo isso num fim de semana.

saber o que se tem é ter mais do que se tinha antes

o óbvio é preguiçoso
não nos faz pensar
"o que seria do amor sem os pensamentos provenientes do ócio?"
ou simplesmente do de repente
ah, que saudade dessa gente!
asfaltados por dementes
caí na faixa de pedestres

todos os presentes na mesa se chocaram
e num instante,
se calaram
acho que foi a gelatina, pensou o da cabeceira
será que meus esmaltes estão vermelhos demais?, pensou a da outra cabeceira
mas o barulho vinha da geladeira
esqueceram o menino dentro da frigideira!

de mãos dadas nossos corpos flutuam juntos
fácil
num segundo estamos aqui
outro lá fora, onde não existe
lá, onde só há música
onde só enxergamos, cheiramos, saboreamos, sentimos e ouvimos a música
e os grilos
os grilos sempre presentes.

segunda-feira, junho 1

o que você diria se eu cantasse fora do tom?