domingo, fevereiro 20

borboleteamento (de dispersão, girando em torno, mas muitas vezes de longe) #2

O cigarro se apoia na xícara do café que bebeu pela manhã. Só para passar o tempo, pensa, enquanto sente tanta coisa ao mesmo tempo. Ao lado dos vasos, tenta não soprar fumaça nas plantas, mas que fazer se elas estão em todas as janelas?
Respira fundo.
Quem será minha Chantal e quem será meu Jean-Marc?

Enfim, sós.
Eu e você em frente ao quadro azul. Sentados no sofá brincando de descrever as coisas a minha volta.
Depois de pulsos carimbados, viagens para outra zona e dois chocotones;
Hora de ler gibi.

"hoje vamos abrir a caixa de pandora"

Perdidos no emaranhado de tiras de asfalto quando finalmente no destino: grama, árvores, pessoas. Sorrio em cores e nada impede meu dedo de repetir o mesmo movimento. Só as pálpebras impedindo em curto espaço de tempo o contato com os outros. Seus olhos funcionam como cortes em um filme. Quando fecha a geladeira, vê em close todos os detalhes da porta branca e velha e das unhas sujas. O gosto amargo embaixo da língua.
Que venha.
Minha aventura é abraçar o mundo.

"como se pode detestar e ao mesmo tempo se adaptar tão facilmente àquilo que se detesta?"

Fico quieta no sofá, me deliciando com as palavras de Milan e observando as mulheres da casa. O olho acompanha ora as palavras impressas ora as ditas.
São pessoas mimadas e que se irritam facilmente. Pensando melhor, todas as pessoas mimadas se irritam facilmente. Podem ser ótimas, mas só aproveita-se parte delas. Elas mesmas só aproveitam parte de si mesmas e do mundo.
Acho triste. Falta amor que transborde pela pele e pelo sorriso.
Sempre emburradas, as rugas e dores de cabeça estão sempre dando o ar de sua presença. Um ar sufocante e denso.
Na maioria das vezes, pro(e)ferem palavras que nada dizem, se vêem confrontadas pelo tempo e tudo que criam se transforma em (nadamenosdoque) resmungos.

quarta-feira, fevereiro 2

nunca só

quando com você
para escrever

depois de desencantos
corro entre esse canto
de ser quem eu sou
na cabeça de outro
que é
simplesmente
diferente

as linhas não são companhia
o grafite que as torna sustentável
por vezes agradável
outras
insuportável

eu mesma me canso
de mim

e as letras se tornam
repugnantes
como amantes que já
não se amam
e nada resta
que não
separação

a ponta quebra
e tudo se acaba