sábado, junho 13

Sábado, junho 14

- Estou pensando em vender o apartamento e, com o dinheiro, viajar por aí.
- Posso ir com você?
- Claro.

Não consigo parar de pensar nesse diálogo. Obviamente é apenas um desejo vindo de minha mãe, coisa que nunca irá se concretizar segundo a própria. Ela diz que ultimamente, saindo em minha companhia e na de meus amigos, tem repensado sua vida. E que isso seria o melhor que ela poderia fazer. Mas que por ter uma filha, não o poderia. Mesmo sabendo que eu iria junto. O meu "futuro" ainda está em jogo. E o dinheiro eventualmente acabaria e não teríamos como continuar, ou ter uma base ao voltar. Fiquei imaginando os rostos dos meus familiares e suas palavras de reprovação. Talvez eu não queira ter esse "futuro" que eles tanto dizem, talvez eu só queira viajar por aí. Me pergunte 'quem diz?'. ELES! SEMPRE ELES!
E recebo o maior apoio que poderia receber, o de minha própria mãe. Mas sei que esse apoio não é infinito. Se eu o fizer, sei que enfrentarei não só o de meus familiares, mas O olhar dela também. E esse é o mais difícil de enfrenter, porque tenho um amor maior do que qualquer pessoa que já passou pela minha vida. E justamente por ela ser sempre minha cúmplice, é mais difícil deixar para trás esses olhos acizentados esverdeados. Seu olhar de reprovação mostra que o desejo é mútuo, para ela é um sonho, e para mim ainda é real. Eu poderia ir sozinha, nada me impede. Largaria tudo o que tenho pelo mundo, sem hesitar. Mas sei que voltaria. Acabaria percebendo que não há vida quando se vive só. E na volta, alguns me perguntariam: "Por que foi, então? Se sabia que ia voltar com esse sentimento?". Olharia para a pessoa, no fundo de seus vazios olhos, e reconheceria ali um coração que deseja o mesmo tipo de coragem. Responderia: todas as suas memórias são tudo que você já cheirou. Suspiraria, e pensaria: Que saudade do futuro!

5 comentários:

SKawase disse...

hm

Lucas disse...

Gostei do título.

Sr. Despedaça Corações disse...

e, dessas, as melhores são aquelas que você amou.

Sarah Germano disse...

engraçado como a vida tem suas piadas finas; enquanto leio seu texto (de alguem que quer ir embora), escuto outro alguém planejando comprar uma casa.

Júlia disse...

"E na volta, alguns me perguntariam: "Por que foi, então? Se sabia que ia voltar com esse sentimento?". Olharia para a pessoa, no fundo de seus vazios olhos, e reconheceria ali um coração que deseja o mesmo tipo de coragem."

:)