sábado, outubro 11

Pequena Lice.

"Se esse mundo fosse só meu, tudo nele seria diferente. Nada seria o que é, porque tudo seria o que não é e também tudo o que é por sua vez não seria e o que não fosse... seria não é?"(Alice no País das Maravilhas).
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre Los Hermanos:
- Só terá deles aqui, e um pouquinho de mim.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre coisas como seu mundo, sua maneira de pensar, suas filosofias: - Sempre achei que a palavra "homossexualismo" se dizia "homosocialismo". Não entendia a ligação de Stálin ou Lênin a homossexuais, achei que eles tinham um caso. Mas, eles eram rivais, então nada fazia sentido. Na verdade, nada faz sentido. Não faz ainda, e não fará. Concorda comigo, Diná?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre amor: - Amor convicto: Não há nada como um amor convicto; amar e ter a certeza absoluta a cada dia do quão forte e verdadeiro este amor é. Correspondido ou não, que seja verdadeiro.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre divórcio: - "Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar". Deve ser isso que acontece né, Diná? Os casais param de rir um do outro e ver graça na relação. E depois, a vida também perde toda sua graça. Só não sei pra onde essa graça vai. Você sabe?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre música: - Toda Bossa é nova e você não liga se é usada.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o Coelho Branco: - Antes de te ter e de ser tua, o que eu queria? O que eu fazia? O que mais? E alguma coisa a gente tem que amar. Mas o que, não sei mais. Diná, eu o sigo mas não adianta! Ele não espera por mim!
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o tempo: - Nessa espera o mundo gira em linhas tortas. Vou acordar para o tempo e pedir para ele parar, só um pouquinho, pra ver se alcanço meu coelho.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre a morte: - Um século, um mês, uma hora. Será que recebemos um aviso dela e ninguém repara? Ou quando reparam já está muito em cima da hora e não tem como voltar atrás?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o vento: - O que mais gosto dele é o barulho. Sonho ver o som. Mas como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre gente maluca: - Mas eu não quero ver gente maluca! Por que o Senhor Gato só me mostra caminhos pra pessoas malucas? Chega de Chapeleiros e Lebres caducas!
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre Deus: - Se o céu é um maravilhoso lugar para se ir depois de morto, então porque ser crucificado é considerado um sacrifício tão grande?
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre a primavera: - Pois eu, eu só penso em você, Dona Primavera! Já não sei mais porque em ti eu consigo encontrar um caminho, um motivo, um lugar pra eu poder repousar meu amor.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre perder alguém: - Quem sabe o que é ter e perder alguém? Quem sabe o que é ver quem se quer partir? E não ter pra onde ir. E ele segue seu tempo. Tic Tac, Tic Tac. Mas parece que não faz diferença ter alguém ali gritando: "Seu Coelho! Seu Coelho espere! Espere por mim!".
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre sexo: - Deve ser bom, né Diná? A única vez que gozei veio aquele negócio branco. Senti-me bem, estava a tomar chá quando ele apareceu e aconteceu. Você sabe, o Coelho Branco.
Alice conversava com sua gata Diná sobre a Rainha de Copas: - Acho certo exagero ela querer tantas cabeças, mas tudo bem, não me importa. Ela não pegou a minha.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre os humanos: - Eles têm a carne trêmula, mais nada. Considero isso um grande vácuo na vida. Humanos tão distantes entre si, mas o que posso fazer? Eu sou um deles.
Alice gostava de conversar com sua gata Diná sobre o fim: - Já?

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