domingo, outubro 10

encaixes e contrastes

    As duas se consideravam desistentes. Largaram os diferentes esportes (algo do tipo) em dias consecutivos e se afundaram em suas ocupa;ões. Se encontravam por ali e por aqui, mas nada muito longo. A Maisvelha sempre de costas, luz branca em seu rosto. A Maisnova se despia, deitada na cama, enquanto esperava o fim de outra longa liga;ão. A Maisvelha queria usar short e, por isso, tomara a decisão de ir ao salãono dia seguinte. A Maisnova perdera seu caderninho (malditooqueachoumeuspensamentos) e chorava nervosa pelos cantos, fuma;a constante que gostava de soltar pelo nariz, seguia na tentativa de decorar aniversários.
    A Maisnova cansara de brincar com barbies, ursos de pelúcia e gnomos de plástico. Cansara de os obrigar a fazer sexo entre si. Não queria obrigar nada a ninguém. As lembran;as eram sapatos roubados por amigas do colégio. Aquele verde, nunca mais achou o mesmo tom de verde. Até pintá-lo em suas unhas. Que mania de comer borracha. Seguia na esperan;a de encontrar um novo piso.
    A Maisvelha não tinha amigos, grudava na Maisnova e como uma senhora rock`n`roll reproduzia seus pensamentos e sentimentos sustentada pelo que lera no jornal mais cedo. Sempre dependente da Maisnova, a pedia que enrolasse enquanto gritava o quanto a Maisnova era dependente sua.
    Um dia a Maisvelha chegou e disse que se matriculara na hidro. A Maisnova sentiu a agulha nas costas mas nada fez. Ela queria uma bicicleta, magra e cesta, podendo sentir o vento e música, com foto e memória. Nada melhor do que anota;ões para lembrar, fotos são secundárias. Obviamente chegaram a essa conclusão juntas.
    O problema é que de quando em vez a Maisnova queria ficar só. A Maisvelha entendia como aborrecimento e saía de perto. Não entendia que qualquer ruído importunava e a deixava enojada.
    Os problemas eram sempre resolvidos. Elas gostavam de falar e tentavam não deixar nada de fora (difícilsempredifícil), uma concordava com outra ou ao contrário e assim, discordando e concordando, gerando discórdia e concórdia.

massinha verde de nome erótico

o ardor come;a no céu da boca, passa para o nariz, e então vêm as lágrimas.
gosto tanto do seu gosto. ou será que é da cor? queria encher toda a minha boca, só para saber como é te morder, mas perderia meus olhos e provavelmente o paladar. nada que um bom copo d'agua não resolvesse.

*árvores, aviões, sabão, vidro, vinho, contrabaixos, sebo e soda cáustica

porque quando diz que
está voltando com a ex
penso em sair do celibato
única conclusão que chego
é que o difícil me é excitante

poderia dar cinco motivos
mas dou três
o segundo é por quem você é
o que chega a ser chato por ser óbvio por você já ter ouvido antes
o terceiro
e provavelmente mais importante
foi que encontrei o Coutinho
(nocinemanocinema)

sábado, outubro 2

entrando na floresta arranhando com galhos as pontas dos dedos

quão anárquio é ir
rumo à tempestade?
o homem de dentes tortos
inquieto pelo som do lápis no papel

triste chuva não ter som
depende do contato para se mostrar presente
e quem não?
sou mais ter cheiro
que só depende de um nariz

terça-feira, setembro 7

"a imaginação é menos rica que a vida"

porque agora ela só se interessa em esculpir o tempo
segue em busca de um indício de vida a cada imagem que vê
o sonho de ser maestra poderia se realizar
caso fosse mais teimosa e menos preguiçosa

domingo, agosto 22

depois do vinho, balas de menta

como sempre bem acompanhada, exclama:
- o que veremos, princesa?
a blusa manga três quartos e as meias roxas de lã. passa os dedos com esmalte descascando pelos títulos coloridos. chantal, então.

ouvindo birds, da emiliana ou crazy love, do buddy guy

de quando em vez
só você
desperta minha mão entre
seu cabelo e pescoço
tão pequena
me empresta sua pinta

segunda-feira, agosto 16

cinema tocado

resolvi seguir os passos do
velhinho Pedro, Mèliés e
seus dois acentos sempre me
pareceram interessantes visualmente

sendo amigos simplesmente
nesse ambiente de luz azulada
em paredes roxas
os dentes brancos dançam
entre alegre e triste
estar sozinha é pura liberdade
(será que alguma liberdade deve ser compartilhada?)
última das despedidas entrando no táxi:
- volto para as eleições.
completamente só, então
mesmo os uivos da noite
não me envolvem
a solidão é o meu lençol

sábado, agosto 7

são troncos empilhados
só posso subir e subir
estão apodrecendo
me agarro na lua
em alguma rachadura
que cabia exatamente
os cinco dedos
abro a lua entro
aqui, talvez
não me notem