domingo, julho 27

Saudade.

Saudade.
Sentimento sadio, contanto que não seja destrutivo.

Minha saudade é de algo inexistente. Alguém que já se foi, mas que está vivo. E isso dói mais. Saber que nunca terei tal pessoa em meus braços novamente. Não desejo essa nova, quero a antiga. A que realmente estava lá.

Nunca gostei de sentir falta de algo. Ninguém gosta. Era sadio quando a gente brigava e ficava um tempinho sem se ver, pra que quando voltasse, voltasse com tudo. Mas sentir saudade sabendo que aquilo não mais existe, e que não mais merece você, não mais está ali. Isso se torna destrutivo. E nenhum sentimento assim deve ser alimentado.

Acordo querendo dormir mais. O que estava sonhando? Ah... Com ele. Mas ao recordar do sonho, lembro que ele voltava pra mim, mas que não era o que eu queria que fosse. Ele não era quem eu amava. Era essa nova identidade, indivíduo perverso que não encaixa com o que era, literalmente outra pessoa. E não estava gostando daquilo no sonho. Estava pensando em não aceitá-lo de volta. O que eu queria era impossível. Tinha consciência disso. O problema é saber conviver com isso.

Eu não estava conseguindo seguir minha vida sem meu amor. Meu grande amor. Sabia que um dia aquilo acabaria, mas quando? Devia eu, ficar triste durante todo esse tempo? É, devia. Mas era tortura manter alguém, eu, assim. Quando eu achava que estava melhorando, começava a rir mais das coisas, ficar bem comigo mesma, eu piorava tudo de novo. Ficava duas semanas inteiras triste, chorando, sem vontade de sorrir. E agora estava melhor. Achando que tinha acabado, que estava encaminhando para o fim a minha fossa. Engano.

Acordei após o sonho triste, totalmente triste. Lembrando do que era, do que eu sentia falta. Querendo tudo de novo. Se eu pudesse reviver todos os meus dias felizes ao lado dele, poderia morrer tranqüila, sem qualquer outra ambição. Isso parecia muito desespero, mas minha pequena vida de 16 anos e meio se resumiam àqueles momentos de felicidade, pelo menos no meu estado agora. Era como um filme. Inteligência Artificial. Em que no final, o garotinho robô pedia um dia ao lado da mulher que mais amou, sua mãe. E de tanto amor, morreu. Eu queria isso. Mas sabia que seria uma mentira, ele já não me amava. Precisava me libertar daquilo. Daquelas correntes de ferro que nada faziam a não ser me puxar cada vez mais que eu nadava para o fundo.

Impressionante. Era só eu acordar assim que já não tinha vontade de mais nada. Não quero sair de casa.

Agora, saia de casa. E vá viver.
Deixa a saudade pra mais tarde.

Um comentário:

B. disse...

Já falei sobre saudade uma vez. Já falaram sobre saudades várias vezes. No final, a gente sempre acaba falando sobre ela, nem que seja only once.

"Can't we just rewind?"

Penso nisso muitas vezes. Muitas.
Primeira visita, lú!

Beijo