quarta-feira, agosto 6

Beethoven e Condicionador.

Estou fazendo natação. É, é, é, estou aprendendo a nadar. Não que já não o soubesse. Devido a uma coluna perfeitamente torta, estou caindo. E eu, ser que já não tenho peitos, perderei os topinhos das montanhas que me restam. Ah não, prefiro sofrer duas horas por semana e fazer a droga do esporte.
Nunca gostei, realmente. Era das últimas a ser escolhida na educação física e matava aula dizendo que estava menstruada. A verdade é que meus pais não têm os melhores físicos e as vidas mais saudáveis, e isso, claro, me influenciou.
Primeira aula, primeira vez de muito tempo. Velhinhas bondosas me recebem, dizendo: hoje ela vai pegar pesado, é aniversário dela. Olhei para a professora, e simpática, devolvi o sorriso. A voz dela é meio irritante, mas a intimidade a gente pega com o tempo.
Começo a fazer o que ela manda, e para minha bela surpresa, enquanto dava a quinta braçada, ouço a nona de Beethoven. Foi das minhas últimas melhores sensações. De acordo com as instruções, na quinta braçada eu deveria ir até o fundo e pôr minha mão no chão, o eco do si si dó ré ré dó si lá sol sol lá si lá sol sol ecoava por toda a piscina, demorei um pouco mais no fundo dessa vez. Ao nadar costas, assistia o sorriso do gato diretamente para mim, e ao voltar para o começo, acompanhava o Cristo Redentor e sua iluminação. É eu estava gostando daquilo, mais do que eu imaginava.
Sim, eu me cansava fácil. Afinal, eu sou uma sedentária nata, e nunca me importei com isso. Mas não queria fazer uma operação de risco aos trinta, nem ter dor aos quarenta. Meus dias serão mais cheios e cansativos. Tudo tem seu lado ruim, afinal.
Voltando para casa, saindo com uma estranha sensação de calor interno, quis parar para tomar um açaí, resisti. Depois quis alugar um filme, resisti. Foi quando passando da locadora, sinto um cheiro. Um cheiro que conhecia, e não era o de cloro que me envolvia.
Ao olhar para a pessoa da frente, vejo. O cabelo preto, preso num rabo de cavalo, simplesmente pingava transbordando condicionador Seda. Sério, quando digo ‘pingava transbordando’, quero dizer que tinha UM MAR de condicionador. POR QUÊ? POR QUÊ? ALGUÉM ME DIZ POR QUÊ? Mia fia, vou te dizer um negócio, se Deus/Alá/seu pai/a puta que te pariu te deu um cabelo ruim (não necessariamente crespo), aceita! Essa é você! Não adianta passar 3 litros de Seda Verão Intenso, sendo que nem verão é. Sério, parece que o verão é tão intenso, que ta fazendo 60° C e que seus fios vão cair se você não passar o creme.
Seu filho deve ter vergonha de andar com uma coisa ambulante cheirando a condicionador de verão vagabundo.

Agora deixa eu ir, que Beethoven está a minha espera.

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