domingo, janeiro 4

Para ler ouvindo Spin the Context, de Anja Garbarek.

Um copo se quebra.
Clara sente o vento balançando seus negros, antes loiros, cabelos. Ela olha para baixo, se depara com o estrago. Se deita no chão de madeira, e cata os cacos maiores, os pondo dentro do resto do copo. Como em uma luta, Clara tenta sair vencedora da guerra com seus dedos e os cacos. Ela tenta achar uma maneira mais confortável deles ficarem dentro do copo. Clara não sabe porque faz isso, simplesmente faz. Acha que será melhor. E faz. Mas percebe, mesmo sem sentir, que por mais confortável que fique, por mais vitoriosa que ela saia, sempre terá seus dedos cortados, e os cortes se estendem...
Quando a primeira gota cai ao chão, pessoas em volta se assustam, como se fosse possível ouvir um alto ruído. O ruído do sangue batendo ao chão. Como se fosse um pedaço de cada alma ali presente.
Clara treme. Com o canto do olho tenta procurar, porém não acha.

(se você leu não ouvindo a música dita no título, você não realmente leu).

3 comentários:

.luísa pollo disse...

Clara nunca foi tanto Luísa.

felipe disse...

não conheço a banda, mas vou procurar a música e reler...

João Medeiros disse...

é só mudar o contexto