quinta-feira, novembro 13

Fragmento de uma lembrança #3.

Abri a porta e seu joelho sangrava. Ainda sentia nojo de você. Um nojo visceral que, achava eu, nunca seria capaz de sentir. Fiz um curativo. Você chorava. Foi a única vez que o vi chorando.
No quarto, nos beijamos. Tinha um gosto estranho do remédio que eu passara no rosto. Deitados na cama, o nojo se transformou em desejo. Você não entendia, nem eu.
nem eu.
Foi engraçado ver a delicadeza que você me tratava, como se fosse a nossa primeira vez. Não havia o desejo carnal da sua parte. E por isso, acho que foi ruim.
Gozei. E logo em seguida vi o que estava fazendo. Me satisfazendo, buscando vingança. Pensei: você conseguiu o que queria, né? Mas não era isso que você realmente queria. Você me queria de volta, só isso. O nojo voltou e te empurrei pra longe. Respirei fundo, virei para o lado e dormi. Silêncio.
No dia seguinte você teve que ir embora, não parecia nada certo em minha mente.
Me senti culpada com o gosto da vingança em minha genitália, e só agora entendo:
fudi como um homem fode.