segunda-feira, novembro 17

Para ler ouvindo Toxicity, de String Quartet.

Clara olhava o relógio. As horas passavam, passavam sem se importar com ela. Ela pensava o que fazia ali sentada? Que importância tinha aquele homem para ela? Quem era ele? Só porque seu chapéu era uma cartola? Só porque ele era alto, moreno de cabelos compridos, e usava um terno de linho azul claro impecável? Cetim. Clara desejava dançar. Um passo, depois o outro, depois o outro, depois o outro, depois o pulo, depois o choro, depois o outro. Olhava para seus ombros, seus belos ombros. Admirava suas pintas, elas eram localizadas em pontos específicos, a deixava perfeita. Uma dançarina sem sua sapatilha. Sem sua sina. Sem sua alma. O médico é avistado, ele anda rápido, pronto para dar a notícia, como um assassino, ele anda rápido, ele vai dizer, ele não se contém. Clara, com olhos pesados, cai ao chão e sua dança termina. Fim do quarto ato, ela está em seu quarto. Brinca com os dedos em sua barriga, o que está nascendo ali? Suas sardas a deixam mais lindas ainda na luz da manhã, seus olhos azuis estão mais azuis hoje. Quem era o homem da primeira fila?

(se você leu não ouvindo a música dita no título, você não realmente leu).