terça-feira, maio 19

A Lua

A lua estava alta no céu, iluminando todo o jardim que permanecia com suas luzes apagadas. Um farol de carro é visto e um Landau azul claro estaciona em frente a grande porta azul de madeira. Ele desce do carro, e o único ruído que é possível ser ouvido é de seu tênis arrastando na terra dura que pisa. Ele dá três batidas e passos são ouvidos. Uma alta mulher, loira, casa dos 40, abre a porta com uma vela na mão. Ao ver o rosto em sua frente, ele sorri. Ela se assusta, demonstra surpresa no olhar.
- Seus olhos ficam um azul claro lindo na luz da lua. - diz ele.
Ela começa a chorar e o abraça fervorosamente.
Os dois entram e se dirigem para a sala. O sofá vermelho continuava lá, e o chão continuava a não existir, forrado por tapetes orientais. Há velas espalhadas e pilhas de livros pelas paredes. E no centro, uma grande almofada branca com folhas escritas a mão e uma taça acompanhada de uma garrafa de vinho.
Eles se sentam, ela afasta as folhas. Ele pergunta:
- O que você estava escrevendo?
- Sobre você.
Ele não diz nada.
- Faz tempo que não publico nada. - ela completa.
- A casa não mudou.
- Eu sei que você gosta dela assim. Eu sabia que você ia voltar. Por que foi embora?
- O que aconteceu com Frida?
- Ah... ela ficou doente. Acho que sentiu muita falta sua. (Pausa) Por onde você andou?
- Você está sozinha aqui há quanto tempo?
Ela sorri.
- Seu cabelo está bonito assim, te deixa com cara de mais velho.
- Ah mãe. Não começa a falar sobre meu cabelo. Você sempre faz isso quando quer mudar de assunto. Me responde, há quanto tempo está sozinha?
- Você também está fugindo das minhas perguntas. E se você realmente se importasse com minha solidão não teria nem saído daqui.
- Como pode você me julgar?! Você fez o mesmo! E diz isso com todo o orgulho que há dentro de você!
- Eu já tinha 18 anos quando fiz minha viagem, você só tem 15!
- Se alguém tem culpa da minha prematura emancipação é você, que me educou nos moldes nada tradicionais.
Ela sorriu. Ele também.
- Vem cá, quero te ver mais de perto.
Ele se aproximou. Ficou de joelhos, assim como ela, apoiados na grande almofada.
- Seus olhos estão menos verdes... mais cinzas.- ela disse.
- Você tem mais rugas.
- Ah, é um horror envelhecer, não desejo o mesmo a você.
- Inevitável como a morte.
- Pode-se evitar com a morte.
- Morte como instrumento? A velhice não pode ser tão ruim...
- A velhice são os últimos passos para a morte, repleta de sofrimentos. Por que, então, trilhar esses passos?
- Você está mais linda do que nunca.
Ela sorri.
Num impulso, os dois se abraçam fortemente. Novas lágrimas surgem, dessa vez em ambos pares de olhos. O abraço está mais apertado, seus olhos se encontram, e nariz com nariz, se beijam. Um beijo longo, cheio de um ardor feroz. A mãe aperta o braço do filho, o filho desce a mão pelas costas da mãe. Ela o puxa para mais próximo. Ele denuncia um tesão nunca visto. Ela se sente igual.
"Com um movimento brusco, com fervor dócil, ela tira a camisola, mostrando uma frágil silhueta branca onde os espessos pelos negros se destacavam num triste abandono"
Ela o ajuda com o cinto, calça, tênis, blusa. Os dois estão nus. Assim como quando se viram pela primeira vez. O mesmo sentimento de prazer infinito.
Logo, seus corpos estão inseparáveis. Com fortes movimentos suas pintas dançam entre si. Nada é possível separar tamanha ligação.
O movimento contínuo toma outro ritmo, mais rápido, mais forte. Ela grita, ele também. Os seus gozos se encontram no meio do caminho. Seus corpos permanecem paralizados.
Para sempre.

5 comentários:

João Medeiros disse...

Tebas é sempre uma boa cidade pra se passar o verão.

Sr. Despedaça Corações disse...

Eu evito a morte todos os dias.

SKawase disse...

fezes

Sr. Comedor de Fezes disse...

Eu como fezes todos os dias.

.luísa pollo disse...

Oh...não é Tebas.