segunda-feira, maio 25

que antes de te conhecer eu não cheguei a ser

Esse último fim de semana foi dos mais longos. Provavelmente o mais longo. Daqueles em que você acorda às 6 da manhã tendo ido dormir às 5. E você desperta ainda como foi dormir. Passar 72 horas fora de seu corpo, e ao mesmo tempo tão dentro, causa uma sensação de estranhesa perturbadora. Começo a não me reconhecer em meus próprios movimentos. Meu corpo já não me obedece e é quando meus lábios começam a ficar brancos, e a se afastar dos seus.

Sua presença nas primeiras 24 horas foram fundamentais para o desfecho das 48 seguidas. Me senti solta no mundo, e ao mesmo tempo tão presa. E ingênua, em me colocar em tal estado elevado de mim mesma. Ainda fora de mim, me olho no espelho. Meu pescoço guarda marcas da noite anterior e meus olhos continuam adormecidos. Meus pés dançam ao som de I'm Through With Love e tudo parece não estar em seu devido lugar.

Meu nariz com a mesma sensação de negligência. Meus pulmões mais envenenados. Meus neurônios mais destruídos. As sapatilhas não saíram de meus pés, pertencem a mim, fazem por mim o que não consigo sozinha fazer. Andar.

Definitivamente não pertenco mais àquela tribo. Não mais farei meus rituais ali. São todos iguais, todos iguais. Quero o novo. Não o de novo. Quero dançar com um outro par, pra variar. Quero outros dedos tocando meu piano. Meu plano de fundo continua o mesmo. Minha trilha sonora mais sofisticada.

Saí da barraca no meio da noite e me deparei com a lua, é lá onde quero estar, meu legado deixar. Você me mostrou, me deu essa deixa. Agora percebi. Era você, e sempre foi. Sumirá mais uma vez e deixará toda a responsabilidade e minhas mãos?, afinal é minha vida.

Você é apenas uma das cartas, o coringa. Às vezes desejado, outras nem tanto. Você aparece e movimenta ondas. Um novo estágio de mudança chega. Let's spend the night together, now I need you more then ever. Mas você não virá, você irá. E quando voltar, voltará para me mudar, mais uma vez. Parece que é uma peça solta, que falta para me fazer funcionar.

Nunca me senti tão sozinha quanto agora. Você me deixou claro o que devo fazer. O que já estou fazendo. Solidão, é a resposta. Como consegue? É dos seres mais solitários que já conheci. Me pergunto se tive alguma influência nisso. Só ao seu lado não me sinto só. Mas que grande ilusão, minha vida não é feita de seus abraços. Por isso você continua indo embora, para isso me mostrar.
Já vi, percebi, obrigada.
Agora volte, por favor.

11 comentários:

maria alice vergueiro disse...

po cara isso tá lindo...acho que eu e você estamos compartilhando umas sensações!

SKawase disse...

o som faz boom boom

Sr. Despedaça Corações disse...

Fantástico.

Se alguém se declarasse assim para mim, eu casava.




Ou então despedaçava.

(Mas convenhamos... esta dúvida sempre me persegue)

.luísa pollo disse...

hm, então devemos conversar senhorita lili!

e é isso mesmo stefan!

quanto ao casamento... é sempre mais fácil despedaçar.

Sr. Despedaça Corações disse...

Discordo.
E muito.

Casar é muito mais fácil.
Não existe nem comparação.

Lucas disse...

Despedaçar E casar é o mais difícil.
Nesse caso, então, casar é o mais difícil, mas não é a regra geral.
Nem existe regra geral pra isso, na verdade.

Lucas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lucas disse...

Ou existe, a regra geral é que não há regra geral.
Todos os casos de despedaçamento são bem diferentes entre si e, no entanto, compartilham alguma coisa em comum, que nos faz identificar com todos eles.

Anônimo disse...

estranheza é com z.

Sr. Despedaça Corações disse...

Muito bom, Lucas.

É uma boa vertente.

.luísa pollo disse...

por que me corrigir no anonimato?!
eu hein!